quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

A FESTA



No dia da festa o salão é enfeitado com as cores do Orixá homenageado, e as cores dos axós (roupas) também obedecem a esse padrão. Numa festa para Xangô, as cores preferenciais para todos é o vermelho e branco, o que não significa que todos tenham que usar somente essas cores, os filhos de oxum , por exemplo, podem usar o amarelo.

A abertura da festa se da com a chamada(invocação aos Orixás), feita com a sineta (adjá), e o sacerdote se ajoelha em frente a seu peji (quarto de santo), saudando de Bará a Oxala e pedindo para os orixás tudo de bom para este evento. Isto feito, os tamboreiros (alabês) começam a tirar (cantar) as "rezas" de cada Orixá, forma-se a roda para dançarem, no centro do salão, movimentando-se no sentido anti-horário. A cada Orixá correspondem coreografias especiais, relacionadas às suas características; nesta roda só dança quem é pronto, que tenha bori ou obrigação de quatro pés no ori (cabeça). 

Tira-se as "rezas" de Bará até Xangô, quando, interrompe-se tudo para formar a "Balança", nesta só participam os que tem aprontamento completo, com Orixás assentados; É uma cerimônia realizada somente em festa que tenha sido sacrificado animais de quatro pés, (em obrigações só de aves não se faz balança), é considerado o ponto crucial da obrigação, esta "roda" traz Orixás e se mal executada pode levar "gente". Se romper a balança, algo de muito grave poderá acontecer, possivelmente a morte de alguém que participa da "roda de prontos"; por isso é bom escolher bem quem vai participar de uma obrigação tão séria como esta. A balança é de Xangô, e o número de participantes é de seis, doze ou vinte e quatro pessoas; As pessoas entrelaçam firmemente as mãos, avançam e recuam para o centro e a periferia da "roda", que gira no sentido anti-horário, e os Orixás vão se manifestando; logo é tocado o Alujá de Xangô, e neste momento a roda se desfaz e há grande número de Orixás manifestados em seus filhos, sendo saudados pelos fiéis.

Há um intervalo, para descanso dos alabês e em seguida recomeça o toque dos tambores cantando-se para Odé, Otim, Obá, Ossãe e Xapanã. No final do axé de Xapanã, despacha-se o ecó, cujo objetivo é expulsar todas as cargas negativas, também aqueles males extraídos durante as "limpezas" (axés) conduzidas pelos Orixás nos fiéis, esta parte da obrigação é destinada ao Orixá Bará.

Após a obrigação do ecó, tira-se os axés (cantos) para os Ibêjes, na qual tem a participação das crianças. Neste dia não tem a tradicional mesa de Ibêjes, é oferecido para o Orixá Oxum ou Xangô uma bandeja contendo balas, fatias de bolos, frutas e pirulitos, e estes distribuem para criançada. Na continuação da festa, tira-se o axé de Oxum, que se manifesta em seus filhos, estas chegam vaidosas, distribuindo alegria, atiram perfume nos fiéis, que saúdam a deusa da felicidade; em seguida os cantos são para Iemanja, que se manifestam para serem homenageadas; Seguem-se os axés, tirando agora os axés do Pai Oxalá, que ao se manifestar sempre é saudado com grande louvor. Os Orixás se cumprimentam entre si, batem cabeça para os Orixás e sacerdotes mais velhos , há um respeito mutuo entre eles. Após os axés do pai Oxala tira-se o axés (cantos) para serem entregues os presentes, como: bolos, bandejas contendo quindins, flores, jóias etc.., que são oferecidos ao Orixá homenageado. Os orixás(ou Orixá da casa) dão as mensagens finais e de agradecimento, tiram (cantam) seus axés, e são despachados para virarem erês (aqui no sul dizem axerê ou axêro, que é um estágio intermediário entre o orixá manifestado e o estado normal do "filho", falam um vocabulário próprio, e se comportam como crianças, fazem brincadeiras, e demonstram sua alegria com a festa. Os outros Orixás também cantam seus axés para serem despachados, e termina a cerimônia . É distribuído os mercados,o qual já mencionei anteriormente, e o pessoal vai embora. Os filhos que estão de obrigação permanecem no terreiro para dar continuidade ao ritual. 

Levantação Das Obrigações

Geralmente, três dias após a "matança", é feita a "levantação" das obrigações. Esta etapa, corresponde a um momento particular, na qual participam somente os filhos da casa e os que estão em iniciação. Neste momento, todos os "otás" (ocutás), e objetos sagrados que receberam o axorô (sangue dos animais) são retirados das "vasilhas" (alguidares e bacias de louça), e são lavados com omieró, (no Orixá Bará passa-se apenas um pano umedecido no omieró, não se deve molhar muito os objetos de assentamento deste Orixá).

Obrigação Do Peixe

Após a levantação de quatro pés deixa-se os orixás "descansarem" por um ou dois dias; e no dia da semana, marcado para "matança do peixe" pela manhã, bem cedo vai-se ao mercado público, ou no cais do porto, buscar o peixes vivos. usa-se na nação Ijexá Jundiá, para os Orixás Bará, Ogum, Xangô, Odé, Ossãe e Xapanã e peixe da qualidade Pintado para todas iyabás e também para o pai Oxalá. Os peixes devem chegar vivos ao templo para a cerimônia. Todas as "vasilhas" com os Otás (ocutás) e ferramentas recebem o axorô (sangue) do peixe. A carne dos peixes é consumida pelos elebós (iniciados que estão reclusos no templo). A obrigação do peixe fica arreada por vinte e quatro horas. Após este período levanta-se a obrigação e leva-se para praia junto com os axés de orixás que acompanham esta obrigação de muito fundamento da nação africana. O peixe, significa fartura e prosperidade, é o símbolo da riqueza para os seguidores da religião africana. Geralmente a levantação do peixe é realizada numa sexta-feira, enquanto o pessoal vai na praia para entregar os axés, o pai ou mão de santo (sacerdote de Orixá) fica fazendo preparando os orixás que estavam arreados; fazem o que chamamos de " miosé " , e logo os arruma nas prateleiras. Quando o pessoal chega da praia, já começa a obrigação de matança das aves que é para saudar os Orixás que estavam arreados, e também cortar as aves para os Ibêjes, pois destas, será feito a canja que será servida na "mesa das crianças", que antecede a obrigação de terminação.

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