terça-feira, 26 de setembro de 2017

HERANÇAS CATÓLICAS

                      Durante décadas: prisioneiros africanos foram deportados ao Brasil em porões de navios sob a condição de escravos, eles se originavam de diversas regiões; consequentemente reuniram-se aqui membros de tribos distintas com línguas e costumes próprios - muitas vezes rivais; no entanto, algo era semelhante entre todos: a Fé nos ancestrais, os Deuses Africanos, os ritos e os ritmos.
                      Embora as raízes de nossa religiosidade sejam puras, aqui foram aculturadas com outras e sobretudo com a Igreja Católica, que agregou a todos os escritos da Bíblia. Sem a possibilidade de tocar seus instrumentos e saudar seus Deuses, os africanos e seus descendentes foram absorvendo os ensinamentos bíblicos e caracterizando Orixás tal qual os Santos Católicos.
                      Essa foi a forma encontrada pelos africanos para manter vivo o culto aos Orixás, Inkises e Voduns, e, como as rezas eram cantadas em dialetos africanos: Foi inteligente associar São Jorge a Ogum ou Iemanjá a Nossa Senhora Dos Navegantes, mantendo o sincretismo como esteio da religiosidade durante séculos.
                      Alguns escravos catequizados aceitavam a existência de Cristo; no Quilombo de Palmares - por exemplo - foram encontrados altares com imagens católicas. A mitologia de uma nova religião, Afro-Brasileira, foi transmitida por várias gerações e até hoje se faz presente no Candomblé, no Batuque e na Umbanda.
                      Outra influência católica nos ritos africanistas é a Quaresma, o período de 40 dias que antecede a Páscoa.Durante essa quarentena, o cristão irá se abster de festas, carnes vermelhas e deve jejuar até o domingo da ressurreição. Com isso, durante a escravidão os africanos ficavam impedidos de praticar seus ritos, criando um costume que se reflete nos dias de hoje: Fechar os Pejís no carnaval e resguardá-los até o sábado de aleluia, quando se realizam diversos preceitos para a iniciação de um novo ano.
                      Atualmente africanistas dividem-se em dois grupos: os que praticam o resguardo da quaresma (maioria), e aqueles que apesar do respeito não concordam com a mistificação das entidades religiosas e portanto não cultuam os Santos Católicos.
                     A Quaresma é uma herança do tempo que devíamos esconder nossos Orixás, uma imposição Católica sobre a doutrina Africana, mas, que atualmente não é vista com a agressividade do açoite. Entre  nós, os religiosos de matriz africana há um grande respeito a fé cristã e períodos pascais são sempre envoltos por ritos e esperanças de uma vida renovada.
                      O seun pupo, gbogbo eniyan!!!

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